As aventuras de diversos dias em bicicleta e em autonomia estão cada vez mais a fascinar-me. A escolha deste trajecto teve em atenção o facto de não ser ainda massificado tal como acontece com o Caminho Francês. Quem já alguma vez fez uma aventura desta dimensão sabe que existem momentos e situações que ficam para nós próprios, não é possível transmiti-las através de um relato ou de uma foto. É algo que a nossa memória se nega a partilhar.
Estar em cima de uma bicicleta dias consecutivos é radicalmente diferente a um ou dois dias que habitualmente pedalamos durante um ano. O corpo reage de maneira diferente, eu diria de uma maneira estranhamente diferente. Vamos por à prova a nossa capacidade de suportar quer física quer psicológica, de forma a superar todas as adversidades que nos vão surgindo. No final, sairemos certamente mais fortes.
Muita da publicidade que pelas estradas vamos encontrando, refere-se ao Caminho de Santiago como um Caminho Cultural. Foi este o nosso propósito ao realizar o Caminho do Norte. Uma forma de conhecer localidades e paisagens, assim como a população local. Eu quase que diria que o Caminho foi um meio para atingir um fim. A nossa opção de evitar os caminhos onde o grau de dificuldade técnica fosse exigente, levou-nos por vezes a afastarmo-nos do Caminho original, traçado e marcado.
Fiquei fascinado com o País Basco. A sua paisagem verde, as suas gentes, o seu fascínio pela bicicleta, é deveras entusiasmante. Quem diria que numa zona montanhosa o culto pelas bicicleta fosse da dimensão que tivemos oportunidade de verificar. A quantidade de ciclovias existente e a sinalização direccionada a automóveis com o intuito de proteger os ciclistas é um facto a registar.
A travessia de barco da Baia de Santander deu o ar exótico a esta aventura. A subida das escadas a empurrar as bicicletas, o percurso junto ao mar e tantas outras situações fazem desta uma boa opção para umas férias em bicicleta.
A única chamada de atenção vai para a altura em que realizamos todo o trajecto. Realmente a altura do ano mais recomendável para realizar este trajecto é Julho. Agosto é por excelência o mês de férias em Espanha, não duvidem que existem problemas em conseguir alojamento.
Para nós foram umas férias inesquecíveis, donde saímos enriquecidos enquanto seres humanos que somos.
Recomendo vivamente este trajecto.
António Santos - www.bike105.com
sexta-feira, 4 de abril de 2008
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